16 de maio de 2019 | 

Tendências da logística reversa no Brasil

A logística reversa no Brasil, se bem trabalhada, pode ser grande diferencial competitivo da empresa no mercado.

O avanço do consumo, principalmente o on-line, vem trazendo para as empresas o desafio de aprimorar a logística e de transformar tendências em oportunidades. Ao promover o retorno dos produtos aos fabricantes e a destinação correta dos resíduos com a logística reversa, as operações elevam a companhia a um patamar positivo perante o cliente, que passa a vê-la como empresa que não se preocupa apenas com a imagem de quem cuida do meio ambiente, mas também em cumprir a lei – um alto valor agregado.

Os processos de planejamento, implementação, controle do fluxo e armazenagem de matérias-primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas – desde o ponto de consumo até o ponto de origem – definem o conceito de logística reversa no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Logística.

Com duas áreas de atuação, o pós-venda, que trata do retorno do produto com pouco ou nenhum uso, e o pós-consumo, cujo foco está no retorno de produtos descartados ao fim da vida útil e com possibilidade de reciclagem, bem como de resíduos industriais, a logística reversa no Brasil vem fazendo as empresas se reinventarem, principalmente no que diz respeito ao transporte de mercadorias.

A publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) ajudou bastante no andamento de todo esse processo. Ela representa um grande marco legal sobre o gerenciamento de resíduos na medida em que trouxe o conceito de “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” e os sistemas de logística reversa no Brasil. Vale lembrar que o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) diz que ele pode desistir do contrato no prazo de sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto sempre que a aquisição ocorrer fora do estabelecimento comercial, ocasionando a sua devolução.

No entanto, fazer com que um produto retorne às origens não é tarefa tão fácil quanto se imagina. Não é sem motivo que a tendência da logística reversa no Brasil aponta para investimentos cada vez maiores em tecnologia para melhorar o controle de estoque e agilizar o retorno de produtos. Outro ponto importante nessa área, que também deve contar com a tecnologia, é a geração de rotas inteligentes, que encurtam distâncias e promovem mais segurança para os objetos transportados.

Nesse novo caminho, as oportunidades na logística reversa no Brasil vêm surgindo para as transportadoras nos pontos de coleta. As empresas passaram a utilizar os mesmos caminhões de entrega para recolhimento dos produtos, o que, na prática, tornou-se rentável, uma vez que voltariam vazios ao ponto inicial.

Por se tratar de operação obrigatória em segmentos como o de pilhas e lâmpadas, algumas empresas de transporte capazes de manusear esses produtos ou resíduos têm ficado à frente das demais nesse braço logístico. Além disso, já existem transportadoras e operadores logísticos desenvolvendo centros de logística reversa para agilizar o trabalho. Esses centros trazem a otimização do transporte, maior aproveitamento de materiais devolvidos e redução nos custos administrativos com a simplificação dos processos.

Entre os sistemas já implantados, estão os óleos lubrificantes e seus resíduos contaminados, embalagens de agrotóxicos, pneus, pilhas e outros produtos e setores que já estão com suas cadeias de reversão em fase de implantação avançando rapidamente, como medicamentos, lâmpadas, eletrônicos e embalagens em geral.

No caso dos medicamentos, a operação é ainda mais complicada. Para a destinação correta desses produtos, o processo deve ser feito por comerciantes, distribuidores, importadores e fabricantes. A tendência é que as indústrias adotem melhores práticas em suas cadeias de produção, definindo critérios e procedimentos que atendam às normas técnicas para realizar todo esse processo de logística. O intuito é abranger a coleta dos resíduos, incineração, coprocessamento ou depósito em aterro sanitário.

A logística reversa no Brasil ainda tem muito que caminhar, mas já demonstra ser oportunidade excelente para muitos negócios. Existem várias organizações se destacando por esse posicionamento, procurando entender bem o cliente e as possibilidades de reaproveitamento de produtos e embalagens.

A Natura, por exemplo, tem um programa de logística reversa no Brasil desde 2007, que realiza estudos e monitora o ciclo de vida das embalagens recicláveis de seus produtos. O objetivo é recolher as embalagens usadas a fim de evitar os impactos causados pelo descarte no meio ambiente. A iniciativa já deu o destino adequado para cerca de 500 mil toneladas de resíduos!

A Puket criou o projeto “Meias do Bem”, que recolhe e transforma meias usadas de qualquer marca em cobertores para doação. As doações são feitas em urnas nas lojas da rede. A campanha já soma mais de 250 instituições beneficiadas com mais de 25 mil cobertores.

O Grupo Boticário conta com o programa Reciclagem de Embalagens, presente em todas as unidades de negócio, além dos escritórios corporativos e áreas operacionais da organização. Com a iniciativa, as embalagens pós-consumo de produtos de beleza devolvidas em qualquer loja são enviadas às cooperativas de catadores homologadas. Atualmente, o Grupo possui uma das maiores operações de logística reversa de embalagens do país: considerando o número de pontos de coletas, a quantidade gira em torno de quatro mil. Outro fator de sucesso é a parceria com seis transportadoras que atendem o Boticário em todo o Brasil, fazendo a ponte entre o varejo e as mais de 20 cooperativas credenciadas.

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