Incorporar tecnologia aos tecidos para que ofereçam atributos como proteção solar, prevenção da celulite e efeito cicatrizante foi uma revolução para o mercado. A novidade do momento são as possibilidades relacionadas aos cuidados contra o coronavírus, que agora chegam ao mercado pela pioneira Rhodia.

O ano de 2020 vai ficar marcado para sempre na história da humanidade. Tudo porque um vírus chamado Covid-19, o coronavírus, pegou o mundo de surpresa, espalhando-se a partir da China com muita velocidade por todo o globo até assumir rapidamente o status de pandemia. O isolamento social foi decretado em vários países e apenas as atividades consideradas essenciais, como a logística, continuaram em operação.

Em meio ao pânico e ao número crescente de infectados, pesquisadores começaram a buscar soluções para combater o inimigo mortal. No Brasil, as pesquisas também avançaram em várias áreas. Algumas indústrias nacionais, por exemplo, se debruçaram no desenvolvimento de tecidos inteligentes que tivessem a capacidade de neutralizar o coronavírus.

A Rhodia do Brasil despontou com a criação de um fio de poliamida antiviral e antibacteriano com o objetivo de compor tecidos para diversas finalidades, como camisetas, roupas de ginástica, uniformes escolares, máscaras, tapetes, forros para assentos de ônibus, metrô, avião e veículos em geral. Tecidos para forrar as barras de apoio do transporte coletivo também estão entre as possibilidades. A ação é a seguinte: esse fio tem ativos que bloqueiam a contaminação e a proliferação tanto do coronavírus como de bactérias.

Trocando em miúdos: se o fio da Rhodia estiver presente na composição de algum tecido e ele for atingido pelo coronavírus vindo do espirro de alguém contaminado, por exemplo, ele imediatamente será inativado, inviabilizando o contágio. Para completar a boa nova, o tecido não perde a capacidade de proteção mesmo após várias lavagens.

A startup Nanox Tecnologia também desenvolveu um composto químico com dois tipos de micropartículas de prata para tecidos que eliminam quase totalmente o coronavírus. O tecido para receber esse composto é preparado a partir de uma mistura de poliéster e algodão e mantém a eficácia por até 30 lavagens. A empresa de São Carlos, no interior de São Paulo, trabalha agora em uma fórmula que resiste a 80 lavagens!

Os testes foram feitos em parceria com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e mostraram que a solução é capaz de eliminar 99% do vírus após dois minutos de contato. Embora esses testes tenham sido realizados apenas com o coronavírus, a Nanox pretende testar o produto para outras possibilidades.

A pesquisa contou com a colaboração da Universitat Jaume I, da Espanha, e da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). A empresa informa que as encomendas já estão chegando: um total de 1,5 tonelada corresponde aos pedidos de algumas tecelagens.

Montadoras, transporte público e varejo

Sob o nome de Amni^®Virus-Bacc OFF, o fio da Rhodia foi testado em laboratório independente seguindo protocolos têxteis de normas internacionais. Os resultados comprovaram que ele neutraliza também outros vírus além do coronavírus, como o da influenza e o herpesvírus.

A fabricação é feita na unidade da Rhodia de Santo André, em São Paulo, e a previsão é de que a venda do produto este ano represente 30% do faturamento da empresa. As exportações deverão atender primeiramente a Itália e, em breve, os Estados Unidos e outros países da Europa e Ásia.

Para fabricar e distribuir os tecidos para o setor automotivo, uma única empresa foi homologada pela Rhodia, a Chroma-Líquido Tecidos Tecnológicos. Cinco montadoras já solicitaram estudos para a fase de produção dos veículos. Enquanto isso não acontece, capas protetoras para bancos já estão chegando às concessionárias.

A Chroma também tem exclusividade para o fornecimento do material aos setores aéreo e de transporte público. Tanto é que dois aeroportos também solicitaram o material para encapar bancos de espera e balcões de check-in. As alças dos carrinhos de compras de uma grande rede de varejo também receberão a proteção desses tecidos, além de tapetes para colocar nos caixas e balcões de atendimento.

A expectativa é de que o preço dos produtos com o fio que visa neutralizar o coronavírus fique 20% acima dos que são feitos com fio normal. Algumas malharias já sinalizaram que vão lançar coleções com ele. Com linha de produção em São Pulo, no bairro do Pari, a Chroma espera produzir 2 mil toneladas de tecido com o fio da Rhodia nos próximos 12 meses.

Vale ressaltar que, embora o fio auxilie no combate ao coronavírus oferecendo mais segurança ao usuário, ele não substitui os cuidados preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como o distanciamento social e a higienização frequente.

Fonte: O Estado de S. Paulo.

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