3 de março de 2020 | 

Qual é o impacto da logística reversa nos custos com armazenagem?

Se a gestão for aprimorada, a logística reversa melhora o diferencial competitivo da empresa no mercado e ainda agrega valor ao produto, contribuindo para aumentar a sua rentabilidade.

Os custos operacionais logísticos vêm sendo agregados pelas empresas nos últimos anos como fator de vital importância nas decisões estratégicas. Entre eles, estão os custos da logística reversa, operação que requer atenção com o meio ambiente e que já é considerada obrigatória para as empresas, tanto em âmbito legal quanto no relacionamento com o consumidor.

A logística reversa é o movimento dos produtos e das matérias-primas na direção oposta ao do canal de distribuição, com o objetivo de recriar o valor desses itens ou providenciar os seus descartes de forma adequada, encerrando, assim, seus ciclos de vida útil.

Embora a maioria dos clientes afirme que voltaria a fazer negócio com a empresa que fosse mais ágil na troca ou na devolução de produtos, a taxa da logística reversa no Brasil ainda é considerada baixa, principalmente em razão dos custos dessa operação.

Os custos da logística reversa

Quando se fala em logística reversa, é certo que as empresas assumam a responsabilidade pelo retorno do produto em direção à reciclagem ou ao descarte. Portanto, o sistema de custeio da empresa deverá contar com uma abordagem bastante ampla, como é o caso do custeio do ciclo de vida total, que permite melhor visibilidade e administração desses custos da logística reversa.

Pesquisas mostram que cerca de 20% do que é vendido retornam para o fabricante. Os custos da logística reversa são significativos: as despesas associadas às mercadorias devolvidas estão entre 9% e 15% do faturamento da empresa. Na verdade, em alguns casos o custo de processamento do item retornado é geralmente o dobro ou o triplo do custo do envio do produto. A boa notícia é que, ao manipular os retornos corretamente, esse custo pode adicionar 5% de receita ao total de vendas.

O produto recuperado, os estoques, a armazenagem –acondicionamento dos bens e suas movimentações, locação de armazém e mão de obra–, os recicláveis, os bens de capital, os bens em fim de vida útil e os ativos a serem eliminados compõem a maioria dos itens que envolvem os custos da logística reversa. Por isso, planejar a recolocação dessas mercadorias é o melhor caminho para aumentar os lucros da empresa.

Fluxo reverso

Olhar com atenção para o fluxo reverso é muito importante, pois ele é muito comum, seja por recall, seja pelo vencimento dos produtos, pelo correto descarte após o uso de itens perigosos, defeituosos e devolvidos para troca e pela desistência da compra por parte do cliente ou da legislação. Vale ressaltar que esse fluxo reverso precisa ser gerenciado para que a empresa obtenha ganhos com ele.

Não é mais possível ignorar os custos da logística reversa quando ela não é utilizada em prol da própria empresa, transformando materiais que seriam inutilizados em matéria-prima. É comum que materiais voltem aos seus centros produtivos em razão de falhas na produção, de pedidos em desacordo e troca de embalagens.

Esse tipo de processo reverso da logística acarreta custos adicionais muitas vezes altos para as empresas, uma vez que processos como armazenagem, separação, conferência e distribuição serão feitos em duplicidade. O impacto é significativo, pois os custos também dobram.

Definir uma política de retorno para os produtos é muito importante, pois não apenas reduz os custos da logística reversa como garante o direito ao consumidor pela troca ou devolução e a boa imagem da empresa no mercado. Tudo isso, é claro, com uma boa gestão de retorno. Esse processo envolve uma estrutura para recebimento, classificação e expedição dos produtos retornados.

Os resultados são positivos. As iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas. A economia com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção trazem ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas, justificando os investimentos realizados.

Destacamos 9 fatores críticos que influenciam na eficiência dos processos e na redução dos custos da logística reversa:

1 – Aperfeiçoamento dos processos internos: a melhoria do processo de logística reversa acontece muito antes do retorno do produto, ainda no cuidado com a separação e com a embalagem para envio. Essa atenção evita falhas, que tendem a impactar os indicadores de retorno dos itens ao estoque.

2 – Padronização e mapeamento dos processos: uma das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada como processo esporádico, contingencial, e não como um processo regular. Ter processos corretamente mapeados e procedimentos formalizados é condição fundamental tanto para o controle e o aperfeiçoamento da operação quanto para a redução dos custos com a logística reversa.

3 – Planejamento da coleta: nos casos de devolução ou troca, é responsabilidade do lojista assumir o ônus da transação, incluindo o frete. Nesses casos, é possível fazer uma parceria com os Correios para a logística reversa, ou contratar o serviço de transportadoras especializadas. Permitir a troca em uma loja física pode ser opção estratégica, pois não há desembolso com frete, e a marca ainda promove a integração entre os canais de venda.

4 – Controle de entrada: a identificação correta do estado dos materiais que retornam auxilia o fluxo reverso correto e impede que os materiais entrem no fluxo indevidamente, identificando produtos com a possibilidade de revenda, de recondicionamento, ou que terão de ser totalmente reciclados. A ausência de controle de entrada dificulta o processo e gera retrabalho. O treinamento de pessoal é imprescindível para o sucesso dessa fase.

5 – Redução no tempo do ciclo: se o tempo para a identificação e necessidade dos produtos e seu efetivo processamento for muito longo, adicionam-se custos ao processo em razão do atraso para a geração de receita e do espaço ocupado no armazém. Por isso, a eficiência no controle de entrada é importante e exige boa estrutura, dedicada ao fluxo reverso e aos procedimentos.

6 – Sistemas de informação: a capacidade de rastreamento de retornos, a medição dos tempos de ciclo e do desempenho de fornecedores traz informações cruciais para a negociação, a melhoria de desempenho e até a identificação de abusos dos consumidores, o que resulta na diminuição dos custos de logística reversa. Construir ou mesmo adquirir estes sistemas de informação, no entanto, é grande desafio por conta da flexibilidade exigida nesse processo.

7 – Planejamento da rede logística: como acontece no processo logístico direto, a implementação da logística reversa requer a definição de uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada e saída de materiais usados e processados. Instalações de processamento e armazenagem, bem como sistemas de transporte, devem ser desenvolvidas para facilitar a ligação aos pontos onde os materiais usados devem ser coletados. As instalações centralizadas dedicadas ao recebimento, à separação, à armazenagem, ao processamento, à embalagem e à expedição dos materiais retornados podem ser boa solução para reduzir os custos com a logística reversa, desde que haja escala suficiente.

8 – Frete e armazenagem: estudar o processo logístico convencional e escolher uma maneira de entregar as mercadorias no menor tempo e com os menores custos possíveis também é ação estratégica. No caso da logística reversa, a companhia deve refazer o processo para não ter de arcar com custos dobrados de frete, nem ter de gastar mais com estoque após a devolução de mercadorias.

9 – Colaboração entre clientes e fornecedores: nas devoluções causadas por produtos danificados, não é incomum surgir conflitos relacionados à responsabilidade, que podem acarretar a recusa ou o atraso das devoluções e a adoção de medidas de controle dispendiosas. Sendo assim, as práticas avançadas de logística reversa só terão êxito se as empresas envolvidas aprimorarem as relações colaborativas.

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