7 de julho de 2020 | 

Demanda por entregas rápidas e inovadoras persistem em meio à pandemia

A vida nunca mais será a mesma depois da Covid-19. Entre as várias mudanças impostas pelo vírus, destaca-se a migração de inúmeras empresas de varejo para o meio online. Agora, oferecer entregas rápidas e cumprir com o prazo acordado se tornou o maior objeto de desejo de todas elas.

A pandemia e o isolamento social mexeram com os cenários econômico e social e mudaram o comportamento de compra e venda no mundo inteiro. A situação, que apontou vários gargalos, principalmente nas entregas rápidas de mercadorias, destacou fortemente a importância das operações de logística expressa.

No ano passado, a Amazon investiu pesado na “entrega no dia seguinte” para os membros Prime, enquanto o Walmart e a Target também expandiram suas entregas rápidas. Como resultado, os fornecedores de logística terceirizados, como FedEx e UPS, tiveram de alterar toda a capacidade de entrega de última milha para acomodar a gigante do varejo, vista como um importante parceiro, mas também como um concorrente de respeito no âmbito dos serviços de entregas.

O movimento resultou em um sistema nacional mais adequado aos pedidos de comércio eletrônico. Afinal, a principal razão pela qual os norte-americanos compram na Amazon é o frete rápido e gratuito (79,8%), superando até os melhores preços (49,2%), segundo pesquisa realizada em janeiro deste ano pela Convey, fornecedora de software de logística.

Acontece que em nenhuma outra categoria essa necessidade de serviço de entregas é tão forte como na de mercearia, que vinha resistindo à mudança para o e-commerce até a pandemia do coronavírus.

Apesar da grande demanda do consumidor por entrega de mantimentos, a Amazon atendeu de maneira confiável os prazos combinados. Os investimentos consideráveis em dimensionamento de armazéns e logística de última milha para o transporte Prime colocaram a companhia em posição de apoiar razoavelmente o recente aumento da demanda.

No mês de abril, no entanto, a Amazon bloqueou a entrada de novos membros nos seus programas de entregas Amazon Fresh e Amazon Prime Now e anunciou a contratação de mais 75 mil pessoas, além das 100 mil contratadas anteriormente, pois o fluxo de pedidos continuava crescendo.

A grande dificuldade foi adequar os serviços de entrega e logística à demanda gigantesca desse novo momento, que acabou criando um gargalo nas operações. Por isso, a gigante passou a incentivar as empresas que vendem seu marketplace a utilizar soluções de despacho de outras empresas, e não o seu programa Fulfilled By Amazon.

Uma das saídas para equilibrar as operações pode estar na tecnologia promissora dos drones, também almejada pela Amazon e sofisticada o suficiente para lidar com uma variedade de tipos de entrega. Inclusive, ela está sendo testada em vários países, incluindo os EUA.

Embora limitadas pelo peso, essas entregas prometem vantagens em comparação às tradicionais. Como os drones podem percorrer 80 quilômetros por hora e evitar o tráfego, as entregas de uma loja local até a porta de casa podem ser feitas em questão de minutos. Isso abre um grande potencial para os comerciantes locais.

Entregas expressas em alta

No Brasil, os meses da quarentena pelo coronavírus colocaram em evidência os serviços de entregas expressas, que já vinham crescendo com o boom das compras online. Essas empresas, que já investiam fortemente em sistemas, automação e capacitação de mão de obra, aproveitaram a oportunidade para atender a demanda e capitanear as soluções, reforçando a própria estrutura.

Com a expansão do comércio eletrônico, os desafios da demanda atualmente incluem o manuseio de grandes quantidades de produtos em janelas de tempo restritas e a entrega no menor tempo de trânsito possível, sem restrição de localização. Essas empresas de entregas expressas parecem estar preparadas.

Há casos em teste com armários eletrônicos instalados em estações de metrô como opção para os clientes receberem seus pedidos. Em outros, há oferta de um serviço de utilitários e VUCs para entregas de última milha via plataforma, que elimina a necessidade de buscar uma transportadora, procurar motoristas autônomos ou montar uma frota própria. Isso sem contar os crescentes investimentos em inovação e automação logística, com novas esteiras e robôs, que podem levar a capacidade de roteirização de pacotes em um galpão a 17 mil/hora, por exemplo.

No que se refere ao delivery, o uso de aplicativos aumentou consideravelmente durante a quarentena. Em São Paulo, por exemplo, o crescimento foi de 700% em instalações de apps dessa categoria e de 234% em utilizações (eventos in-app), segundo análise especializada. O levantamento foi feito entre os dias 2 de fevereiro e 25 de abril deste ano.

Nova realidade

O impacto da chegada da pandemia no Brasil e do isolamento social no varejo físico foi grande e provocou a migração para o online nas compras de mantimentos já no mês de março. As vendas online dos supermercados praticamente dobraram e, consequentemente, as entregas atrasaram.

A correria sobrecarregou o sistema das grandes redes do segmento, que começaram a levar semanas (em alguns casos) para realizar a entrega. O produto estava na loja, mas não no site, e a explicação possível foi a de que algumas empresas usaram CDs específicos para a compra online em vez de usar a loja mais próxima para realizar a entrega. Outra teoria é a de que o CD tenha priorizado as lojas físicas em vez da online, e faltou estoque.

O fato é que o giro de mercadorias mudou logo após o confinamento da população, que passou a comprar além da necessidade temendo o desabastecimento. O supermercadista comprou mais do atacado para atender a demanda do consumidor, impactando na logística de distribuição, pois passou a ser necessário usar mais caminhões para o abastecimento. Para completar, muitos desses caminhões não estavam completamente carregados, o que passou a gerar gastos extras ao distribuidor. O resultado certamente não foi bom para as entregas.

A indústria farmacêutica também acompanhou o crescimento de compras virtuais durante o período de isolamento social, mesmo com as lojas físicas abertas para a população. Ela usou descontos e frete grátis para atrair o consumidor.

Quanto às entregas, costumam ser rápidas porque os produtos saem das milhares de lojas físicas espalhadas por diferentes bairros. Essas lojas foram transformadas em pequenos polos de entrega com a implementação do delivery express.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas, a NTC&Logística, monitorou o impacto da pandemia nas entregas de mercadorias por local, no período de 18 a 31 de maio.

A queda mais expressiva foi para os shoppings centers: 64,6% foram impedidos de abrir. A entrega de mercadorias para lojas de rua também foi uma das mais prejudicadas, com baixa de 50,4%. Já o transporte de carga para mercados e supermercados caiu menos, registrando 25%.

A pandemia parece estar perdendo a força, mas algumas  mudanças provocadas por ela vieram para ficar. O Brasil registrou um aumento médio de 400% no número de lojas que abriram o comércio eletrônico por mês durante o período da quarentena, de acordo com a ABComm. Até o começo das ações para conter o avanço da Covid-19 no País, na segunda quinzena de março a média era de 10 mil aberturas por mês.

O número foi multiplicado por cinco, saltando para 50 mil mensais logo após a decretação do isolamento social. O levantamento indicou que mais de 100 mil lojas já aderiram às vendas pela internet, e os setores que estão em alta são os da moda, de alimentos e serviços. As entregas, certamente, vão ter que se adaptar à nova realidade.

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